Qual homem, em sã consciência, recusaria um pedido de socorro de Isabeli Fontana? Principalmente se a modelo estiver só de biquíni, na praia e ameaçar desmaiar por causa do sol forte. Tudo bem que tudo não passou de simulação. Mas a disposição de dois bombeiros pode lhes custar — além da fama, já que as fotos ao lado da sereia saíram em vários jornais — alguns dias atrás das grades e dor-de-cabeça dentro de casa.
Conhecidos pelos freqüentadores do Posto 9, em Ipanema, onde trabalham há cerca de seis anos, os cabos Raphael Franco e Marcelo Vertule só fizeram um favor ao fotógrafo Michael Roberts, editor de moda da revista ‘Vanity Fair’, que queria reproduzir uma seqüência de salvamento. Solícitos, quinta-feira os guarda-vidas aceitaram o convite de posar para as fotos — mas sem querer desrespeitaram as normas da corporação.
O cabo Franco, 28 anos, que é formado em Direito, estuda para concurso e nas horas vagas trabalha como taxista, não viu problemas. “Fizemos uma simulação de socorro, para o qual somos capacitados. Nem conhecia a Isabeli, não vejo muito televisão, mas fiquei impressionado com a beleza dela. Se for punido, vai ser ruim porque tiro férias em setembro e já estou com viagem paga. Mas se for mesmo preso, vou feliz. Fiz foto com a maior gata. Não vou esquentar a cabeça”, diz o bombeiro, que é separado e está sem namorada.
Já seu parceiro de trabalho parece não estar tão tranqüilo. Além da ameaça de detenção, colegas dizem que Marcelo está com problemas em casa, por causa de ciúmes da esposa.
Segundo Franco, nada foi marcado com antecedência. A produção viu os dois na praia e resolveu incluí-los no ensaio. Na ânsia de salvar o ‘peixão’, os salva-vidas esqueceram de pedir autorização ao comandante do Grupamento Marítimo de Copacabana, onde são lotados, e posaram com o uniforme. Agora, são alvo de procedimento apuratório por infringirem o código de conduta militar e o regulamento disciplinar e podem ficar até 30 dias presos.
“Temos que ter aval da assessoria de comunicação e do nosso superior para usar a insígnia ou qualquer símbolo dos bombeiros. São as regras”, afirma o major José Albucacys, 31, que conhece bem o assunto. Hoje subcomandante do Quartel do Humaitá, Albucacys, que é modelo, posou para calendários dos bombeiros e se viu às voltas com rumores de que seria o pivô da separação de Luma de Oliveira e Eike Batista. Ficou mais de 15 dias preso em 2004 por dar entrevistas sem autorização.
ATOR QUE VIVE BOMBEIRO CONCORDA COM PUNIÇÃO
Um bombeiro da ficção admite que os salva-vidas da vida real pisaram na bola. O ator Leonardo Brício, que vive o bombeiro Pedro, protagonista da novela ‘Chamas da Vida’, da Record, lembra que há normas a seguir na corporação. “Não seja tolo de quebrá-las. Não dá para cair na empolgação. Mesmo de sunga e camiseta você está representando uma instituição. O uniforme dos bombeiros, como todo militar, está associado à norma, ao respeito, como se fosse uma armadura”, pondera. Antes de mergulhar na trama, Brício e parte do elenco, como Rodrigo Faro e Roger Gobeth — também bombeiros na novela —, tiveram palestras com superiores da corporação.
“Certas coisas não podiam ser feitas e eram restritas à decisão do comando. Não podíamos acompanhar ocorrências de verdade. Para não cometer nenhum erro, somos orientados o tempo todo pelos próprios bombeiros que atuam na novela como figurantes”, conta.
Em 2004, Marcelo Faria interpretou o bombeiro Vladimir na novela das 8 da Rede Globo, ‘Celebridade’, que teria sido inspirado no major Albucacys, então em alta por conta do calendário Heróis do Rio, onde posou com outros colegas de farda. O autor Gilberto Braga chegou a cogitar chamar o personagem de Albucacys. Desistiu, mas o militar fez uma participação especial no folhetim.
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